Já contei em outro post como eu consegui essa oportunidade, dá uma olhadinha aqui ó: Trabalho em troca de estadia. No meu caso, eu me inscrevi no workaway, falei com várias pessoas até que uma delas me respondeu, a Anick, do Hostel Room Rotterdam (pra falar a verdade, depois de falar comigo a Anick cancelou a conta no workaway e eu acabei acertando tudo com ela por e-mail mesmo, mas o contato inicial foi pelo site). Papo vai, papo vem, a gente combinou uma data boa para ambas as partes e lá fui eu, comprar passagem, planejar tudo, meter as caras, basicamente.
Deixa eu contar pra vocês que eu já havia me hospedado nesse hostel antes. Isso não é imprescindível, é claro, aliás, eu só notei que era o mesmo hostel quando eu vi as fotos da Lexie, a cachorra mais fofa e adorável que eu já conheci e que vive lá no hostel.
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| Olha ela toda fofa e fedida esquentando o meu lugarzinho na minha cama <3 |
Pois bem, foi assim que aconteceu, eu queria ficar um tempo na Holanda e nenhum hostel de Amsterdam me respondia, aí apareceu um hostel de Rotterdam na jogada e eu lembrei de como tinha adorado a cidade, e eis que plin! Era o mesmo hostel que eu tinha me hospedado, eu tinha adorado o lugar e aí não foi difícil decidir.
Enfim chegou o dia de partir pra minha jornada, e eu fui, me cagando - medo de avião, medo de me sentir sozinha, medo de querer voltar, medo de não gostar ou de não conseguir fazer o trabalho. Cheguei no hostel, não conhecia ninguém, foi esquisitíssimo, me mostraram o que eu teria que fazer, me apresentaram os outros voluntários, os funcionários, o meu quarto. E foi isso, basicamente.
Agora, deixa eu te falar umas coisas sobre viajar sozinha.
Viajar sozinha não é fácil, mas pode ser maravilhoso
Fazer uma viagem dessa magnitude sozinha (eu fiquei um mês trabalhando no hostel e depois viajei por mais 20 dias) não é exatamente fácil. Você se sente sozinha, as vezes você quer compartilhar o que tá acontecendo com alguém, e você quer que seja naquele minuto. Você pode se sentir perdida, triste, solitária. Então vai aí a minha dica: Se enturme! Acredite ou não, as pessoas desconhecidas não são totais estranhos como a sua mãe te fez acreditar esse tempo todo, muitas delas estão exatamente na mesma situação que você e vão a-do-rar fazer uma amizade. Quando você viaja sozinha você se obriga a conhecer gente, a fazer amigos, e você aprende demais com isso. Mais uma coisa, use a sua brasilidade a seu favor, hehe. Gringos amam brasileiros, sério. E não de um jeito ruim e racista (bom, nem sempre pelo menos), eles simplesmente adoram o nosso jeito mais aberto de ser, e estão sempre prontos pra falar de futebol, natureza, festas. Sério, tô pra ver um gringo que não adore o Brasil e os brasileiros. Vou te dizer mais, no meu primeiro dia no hostel eu resolvi fingir que não sou uma pessoa tímida e que morre de vergonha de falar inglês por aí, fui sentar sozinha no balcão da área comum, pedi uma brejinha no maior estilo holandês e em meia hora estava bebendo com o pessoal do hostel, conversando com os hóspedes, me divertindo pra cacete! Talvez até demais, fui dormir as 5 da manhã e já comecei meu primeiro dia de ressaca, mas isso é coisa pra outro post.
O trabalho
Bom, esse é um ponto importante né. Trabalhar como voluntário normalmente quer dizer que você vai fazer coisas que são necessárias, e não coisas que você quer. Eu, por exemplo, fui pro hostel sabendo que teria que acordar cedo, tomar café e começar as 8h da manhã a arrumar os quartos e camas, subir e descer escadas com saco de lixo, aspirador de pó, lençóis. Sabia que teria que limpar os banheiros, as cabininhas de banho, pias, privadas. Mas na boa, eu fazia isso tudo com um sorriso no rosto. As 7:30 da manhã a voluntária americana super fofa que trabalhava com a gente acordava, acendia a luz e nos dava bom dia. O outro voluntário, olha só, era brasileiro também! A gente levantava, ia tomar café da manhã com os hóspedes e as 8h começávamos o trabalho, que ia até meio dia normalmente, no máximo até as 13h. Ao fim do "expediente" nós tínhamos um almoço, que em holandês quer dizer mais um sanduíche igual o do café da manhã, rs, mas tava incluso e tinha free holand cheese, era uma delícia. Você percebeu que eu tinha a tarde livre todos os dias? Além de ter 2 dias na semana totalmente livres nos quais eu ia conhecer a cidade com a minha bike (que eu comprei por 50 euros e vendi pelos mesmos 50 pra uma brasileira fofa que ficou no hostel enquanto não encontrava moradia), ou ia passear com os outros voluntários, ou dormia já que eu passava todas as minhas noites no bar do hostel conhecendo gente e bebendo com o night shifter da vez (o bar do Hostel Room é 24 horas, funciona junto com a rececpção, amém!).
| Ah lá eu e a minha bike linda, mara, eike saudades! |
E valeu a pena???
Essa foi de propósito, só pra você ler o subtítulo aí de cima cantando aquela música desgracenta do Rappa que nunca mais sai da sua cabeça - Valeu a pena, ê, ê, valeu a pena, ê, ê! - soframos todos juntos pra tirar isso da cabeça agora.
Mas brincadeiras e sadismos a parte, cara, valeu MUITO a pena. Além de eu descobrir um talento especial na arte de arrumar camas, eu conheci tanta gente, mas tanta gente, de tantos lugares, tantas idades, classes, cores, ideias, ahhhhhh foi uma delícia. Eu tive que driblar a minha timidez e falar inglês com praticamente todo mundo, inclusive com o brasileiro que trabalhava comigo, a gente não queria ser mal educados e falar em português no meio do povo, né? Eu tive que me virar num lugar desconhecido, com gente desconhecida, eu viajei de bicicleta de uma cidade pra outra sem entender as placas, seguindo o GPS do celular, parando em cada lugar lindo que me dava vontade. Eu convivi com holandeses, eu vivenciei a Holanda, Rotterdam, de verdade, não só a maconha e a Red Ligth de Amsterdam.
Chegar naquele hostel foi foda, por n motivos, mas sair foi igualmente difícil. Me despedir daquelas pessoas que na sua maioria também estavam longe de casa, daquelas pessoas que me fizeram me sentir acolhida e amada, mesmo que por um mês, foi realmente difícil. Mas valeu cada minutinho, cada bebedeira, cada privada suja.
Dank je wel!

Show de bola!!!
ResponderExcluirNossa adorei ler essa matéria antes da minha viagem :)
ResponderExcluirÓtimoo artiiigo... Esclareceu algumas coisas sobre minhas ideias do uso do WorkAway
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